sábado, 28 de fevereiro de 2009


Eu tava do lado de fora e vi tudo. Ela chegou sozinha e meio perdida, no meio daquela gente toda. Com passinhos tímidos, encontrou um canto que a agradou e ali ficou. Não procurava ninguém, não olhava para ninguém, não queria se acabar de dançar. Fumava uns cigarros e bebia, mas não me pareceu bêbada também. Ela só queria ser o mais próximo dela que podia. Dançava com calma, cantava o que gostava, ria de vez em quando e fechava os olhos algumas vezes. Eu tenho certeza que ela nao queria ser notada. Mas não que estivesse fugindo, ou estivesse com medo. Me pareceu que ela só via silhuetas e se achava mais uma silhueta anônima entre tantas. E estava ali por ela, sem querer ver e achando que não estava sendo vista. Mas eu que tava do lado de fora e vi tudo, vi que ela foi muito vista, mas muito vista. Todo mundo percebeu que ela destoava e alguns se dedicaram a examiná-la. E viram o que eu vi. Ela era ela, ela era singela, tinha um 'que' amargurado num semblante feliz. Ela tinha luz, tinha verdade, tinha paixão contida. Ela era a mais linda, e eu que tava de fora me apaixonei. Alguns outros se apaixonaram também e foram até ela. Eu sabia que isso não ia dar certo. Assustaram ela, claro! Ela se assustou e foi embora, e eu fui junto.

Um comentário:

alexandre colchete disse...

Ela era a mais linda, e eu que tava de fora me apaixonei.