quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Ali na parte mais quente da são clemente estava eu quando ganhei o presente. O sol gritava e eu hesitava. Mas segui andando, cansando e suando. Fatigada e esturricada. O ar pesado caiu-me como um fardo. Me chupou as forças e as vozes roucas zumbindo no ouvido esboçavam um gemido. Minha cabeça explodia com a quentura que me envolvia. Na ânsia do desmaio, inclinei-me de soslaio. Olhei prum lado, olhei pra cima: e ganhei o azul piscina. Ganhei o céu azulzinho cheinho de passarinho. O da frente foi pra trás e o de trás veio pra frente. Levaram um sorriso cheio de dente. Por um instante minha carne esfria, a cabeça esvazia, meu corpo respira. O azul me cuspiu, já não estou febril. Sigo adiante, metade triunfante, metade fumegante. Mas agora mais tranquila, graças ao azul piscina.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Te preparei uma maçã, amor. Te cortei a maçãzinha em dois. Metade metade. Te abri a maçã, amor. Arranquei dela todos os carocinhos. Extraí o miolinho pra você, amor. Ela sangrou seu sangue doce. Meu docinho. Seu sumo lambeu sua face vermelha. Rubra como a sua, meu amorzinho. Te derramei mel sobre a maçã. Ganhou um brilho dourado e ficou mais docinha. Te cozinhei a maçã, amor. Cozinhei até ficar bem molinha. Quase se desfazendo. O sangue-sumo se entranhou de mel. Uma docinha-molinha-vermelhinha maçã. Pra você, meu amor. Pra você espetá-la com o garfo mais afiado. Cortá-la com a faca mais amolada. E rasgar sua pele fina. E mastigar sua carne numa boca cheia de dentes duros. Pra você engolir. Meu amor.
Se eu me entrasse num ralador de queijo eu me entrava feliz.
Me entrava vida pequena a dentro.
Me farelava.
Me partia.
Me lixa.
Me lixo.
Pouco me licho.
Se eu me empequenasse assim deixava de me ser massa, eu me seria farelo solto.
Me livro.
Me livre.
E se o deus existisse ele me pegava nos farelos e me assoprava feliz.
Me voou.
Me espalhou.
Me soltou
de mim
me livrou
de mim
me
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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