quinta-feira, 15 de outubro de 2009

eu ganho vida num segundo
perco em outro

sábado, 10 de outubro de 2009


um salpico de suplico, é o pingo preto que tem dentro do teu olho. é o cisco que te enxergo, por conta disso que te enxergo cisco. te desvendar rumou ao te querer e o te querer é o querer saber-te. o suplico vem de dentro e ganha a forma de pingo no olho, que é pra te exibir. exibir a súplica de querer a súplica do desvendar. desvendar as cores que você guardou pra dentro. te vejo pálido agora, porque já desvendei a súplica e já vislumbrei as cores. e te ver tão pálido me faz querer desvendar outra súplica que talvez eu não conheça. querer te desvendar ruma ao te querer e o te querer é o querer saber-te. o querer saber-te é que eu suplico desvendar, pra ganhar olhos pálidos por já ter visto as cores que eu separei pra dentro.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


sentou-se como quem não sabe que senta, com olhar desmerecedor do que vê. a lâmpada de luz fria vacilava, accccende appppppppaga acnd apg acende e e e e ap ace aaapgaaaa, gemendo uma imitação frívola do silêncio. respirava forte e expirava quente. a boca entreaberta deixava a mostra o visco da saliva. curvou-se sobre a mesa, cravou os olhos no prato. arqueou o corpo e angulou os braços, como uma ave selvagem. apertou firme as duas mãos contra a espiga besuntada, levou-a a boca lustrando os lábios grossos, rasgando a pele do milho com os dentes. escorria a manteiga por entre os sulcos do milho, descendo pelos dedos. sua lingua percorreu as maos, se perdeu na espiga que fumegava e que escorria. ele usava a lingua e usava os dentes, usava as mãos e os olhos vidrados. todo um corpo para uma espiga. todo um bicho para uma caça. todo um bicho para ser a caça.