segunda-feira, 20 de abril de 2009


Mas os meus olhos estão sufocados de areia, e eu sou um deserto estéril.



























Mas a minha garganta está repleta de ar, e eu sou um vácuo.













E



eu

que

pareço

densa

sou

mais

rasa

que

uma

mil folhas

transparente

.



A cereja




Adapte e se adapte
Adira pra adorar,
ou adore pra aderir
Expulse, sem muito pulsar
Pulse, sem pulso firme
Prorrogue sem rogar
Lapide sem ver a lápide
Afeiçoe-se
Consinta-se, com ou sem, sinta-se.
Seja-me e serei-o. Serei a cereja.












sexta-feira, 10 de abril de 2009


Deixa assim que eu prefiro. Só parece que não tá pronto, mas tá. E também não vai pintar, que esse não precisa de cor. Parece velho, mas é pra ficar velho então. Nem um traço a menos nem um traço a mais. E se mudar eu rasgo com pena, mas rasgo. Deixa assim todo rabiscado, todo bruto. Assim parece mesmo que não acabou. A leveza da falta de propósito. A simplicidade da despretensão. A franqueza do preto e branco. A inocência do erro. A ilusão do colorido. Mas como ficou bonito... Acabei.

domingo, 5 de abril de 2009


Aquela meia luz invadiu o que era só um contorno frio de um corpo e preencheu de dourado.
Um corpo gordo que só tinha boca, comprimido pelo ar gelado. Aquilo pingava uns gemidos pesados que entalavam nas narinas. E na falta do ar, sobrou raiva. Transpirou pelos poros e não duvide de mim. Eu soube que posso te matei. Na falta de mim, sobrou força. Mãos e boca e boca que geme não entra ar. E na falta do ar, sobrou ar. Ar leve, puro, macio e lisinho. Aquela meia luz escorregou do que era um corpo gordo de contorno frio preenchido de dourado. E agora ficou branco. Branquinho.