terça-feira, 2 de outubro de 2012

a lua lá cheia, cheia da gente, da vida da gente cheia,
a lua lá cheia, cheia da vida da gente cheia de vida e cheia da vida
a lua cheia de vida
a lua cheia de gente
a lua lá cheia, cheia da gente vazia
a lua cheia, cheia de um monte de coisa..

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

de tanto amor louco, chego a querer habitar o seu corpo
renunciar minha pele
e virar sua inquilina
de você eu quero até e mais ainda
chega mais pra lá que eu tô indo morar aí.

amanheceu assim, noturno
morno e pesado, com ruído de bomba
no peito um aperto, uma dorzinha de amor
o céu sem cor e sem canto
um dia sem ser dia,
cansado e amarrotado, ressaqueado
do vento, da tempestade de movimento da noite anterior
como que arrependido da ira da madrugada
um dia acuado, como meu sentir
um cheiro de queimado
de cinza
cheiro de cinzas e da cor
um filete escorrido e seco, uns cacos no lado
uma vontade mordida
lascada
te deixo no canto, junto comigo.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Tô sentindo um negócio bem aqui que não sei se é fome
ou se é nervoso
não sei se é de vazio
ou se é de cheio
Tá tudo tão confuso
obtuso
protuso
Nesse barrigão que podia ser de água
Mas né não
Não sei se é medo
ou medão
Ai, meu coração
Ganhou molas ou motor,
o batuque do tambor.
Socorro, senhor
Alguém me segura dentro de mim 
Até esse desespero chegar ao fim.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

deu aquele oco, de tremer o brioco, de esbugalhar os olhos, de travar a goela
aquele oco dos cheios, de vazio só o nome, o oco onde ecoa a tremedeira.
deu aquele nó, de entalar o gogó, de empanzinar o estômago, de trancar os dentes
aquele nó dos cegos, de cego só o nome, o nó que olha na tua fuça de bicho.


qualquer devaneio se torna a melhor forma de se enxergar se houver o mínimo de sinceridade.
tireóide, andróide, mongolóide, essas palavras têm gracejo
delgado, esplêndido, danúbio, céu, essas palavras têm elegância
escroto, baralho, estrangular, massacre, essas palavras tê peso
mas estupidez é elegante
fim de papo pode ser vírgula
e ponto final, às vezes, é travessão.
A lágrima é a materialização do sentimento. Eu sei fazer ódio líquido.
O tempo enegrece as paredes
Mofa o bolo, azeda o feijão.
Não é o tempo sozinho não.
O tempo e a inércia do tempo que apodrecem a carne
Dá limo no banheiro
No ralo cria cabelo.
Acumula poeira na prateleira, cria gelo na geladeira.
O tempo enegrece a imagem
Mofa tua pele, azeda teu gosto.
Não é o tempo sozinho não.
O tempo e a inércia do tempo que apodrecem o sentir
Dá limo nos olhos
Na carcaça cria couraça.
Acumula poeira na boca, cria gelo no peito.
O tempo, que desmancha o tricô,
Desmancha tua cara e todo o meu amor
De rendas e fendas.

 

terça-feira, 19 de junho de 2012

minha perna quer correr, minha barriga não deixa.
quero fugir desse corpo todo estranho
eu não tenho controle mais nem sobre mim

tão sozinha
tão carente
tão quebrada
e com você cego do meu lado
não sabe me aconchegar
não quer
você é tão burro
inteiro burro
a vontade que eu tenho é de levantar e ir embora
a barriga não deixa
e não deixará
eu vou explodir
ninguém me cata, eu quero explodir bem longe daqui,
onde eu vire nada e ninguém se espante.
a barriga manda eu deitar, e o que faço ?
deito.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

não diz pra parar que eu não paro. não diz 'pára', que eu disparo.
que eu tenho um amor louco, cheio de olho no corpo
e só olham pra você
socorro de grito, espinha de peixe que não como na garganta
de aflição e de loucura
que antecedem o disparo
para meu amor, que saudade
de colar, de entrar, de cheirar
meu amor bicho velho, bicho manhoso,
que arranha, morde e suga
lu
que saudade
de choro entalado, enlatado, paixão fresca
sanguinho quentinho
é doente esse amor mordida doída
disparate
disparo
diz 'pára', meu amor, eu não paro.
paro em você, eu e todos os meus olhos
que te vêem tão colorido
ciano.


segunda-feira, 9 de abril de 2012


quanta informação espessa
que se debate nos meus cílios
eu fecho os olhos
eu quero dinheiro
dinheiro voador, que voa minha janela adentro
adentrem, moedas e notas, varem minha cabeça
minha cabeça furada, pensa pensa e não repensa nada
e nem repassa
tá tudo tão corrido
tão ioiô colorido
mas eu quero dinheiro voador
de olho fechado, bate na minha porta,
que minha cabeça peneira,
não achou o caminho de você, money honey
honey honey

quinta-feira, 22 de março de 2012

to tao tonta que nem me encolho mais, ja sou a tontura e ela sou eu. to tao enjoada que nem vomito mais, o que sai é vômito, o que entra também. to tao estranha que ja nao escrevo, a palavra e minha e eu sou ela.

meu amor molinho, você guarda no potinho ou espalha no chão.
meu amor jujuba, seu amor limão.
seu amor lixa esfregão, meu amor algodão.
meu amor vaga-lume, seu amor escorpião.
seu amor burro e tronxo, olho cego que quer ser. olho torto olho fosco, abre o olho e me vê.
meu amor minha paixão meu menino meu bichão meu porquinho meu falcão.
tira a venda e vê se vê, que eu sou só de você.

Mil macaquinhos macaquiando nos macacais, macaqueiam, macaqueiam e vivem a macaquiar. Macaquinhos tão espertos, sabem bem a que vieram. Não distorcem seus instintos nem burlam sua natureza. Macacos que são, macaqueiam como podem e nada mais, nada menos. Não obedecem à regra, que já não há, e não fogem da exceção, que já não há exceção. São apenas macacos, interpretando sua existência sem interpretação. Oh, macaquinhos, onde aprenderam tão fabulosa técnica ? Uh uh ah ah, uh uh ah ah, respondem num lindo coral. Que macaquice, não sabem falar... Então, macacos, nos ensinem a não saber também, a não saber das coisas sabidas, e imitemos os macacos, deles podemos ser macacos de imitação. Do resto, não.

terça-feira, 20 de março de 2012


to fraca de mim, to longe de mim, me faltam letras, me faltam cores, me falta um pouco de vida de dentro pra fora. meu alimento que eu mesma produzo, ele mesmo parece repelir a mim, que sou tão dona dele. meu foco tá fora de foco, minha lente tá embaçada. o bom e o ruim é que a culpa é indiscutível, é minha, eu que me vou e eu que me saio, e eu lá de dentro me chamo. o bom é que eu me chamo e me acho, até hoje foi assim. e minhas letrinhas de asas me procuram quanto mais cmgo estou. posso me chegar aos poucos em mim, que arredia eu sou. sou um monte de pontinho espalhado agora. eu me prefiro um monte de pontinho juntinho, um montinho. montinho é o namorado da montanha, que dá força e grandeza pra ele.
A parte disso, eu vou ter um bebê e isso é muito confuso pra mim, e pra mim também. pode ser por isso que estamos voando longe. vem cá, vem.

sábado, 21 de janeiro de 2012



que saudade daqui, onde nunca fui, que é onde estou. em meio a baratas perfumadas, aqui, onde nunca fui, é o melhor lugar do mundo. Muito quente e muito macio, me coça a garganta e me faz querer dormir, mas não durmo. É o estado de vigília que me provoca essa saudade daqui, onde nunca fui, que é onde estou. É o desejo latente de desejar que me instiga e angustia. a angústia, como já digo, é prima da saudade. que é como estar na fazenda de noite, com o barulho do grilo, ouvindo roupa nova. que é a irmã da nostalgia e por aí vai uma grande familia e muitos amores guardados. que saudade de lá, que já estive. mas aqui é a saudade presente, onde nunca fui e talvez não vá. me deixa estar cá..