quinta-feira, 21 de janeiro de 2010


Todos os minutos foram quebrados junto com o frasco. Todos os minutos de espera se estilhaçaram junto. Tric tric trac trec, pedacinhos de vidro caídos e pedacinhos de cheiro subidos. Súbitos. O cheiro que ganhar o ar, se dissipa, se espalha, se infiltra. Enfim foi. Foge. Rebela-se. O cheiro molhado no chão, se esvazia no ar. Para sempre. De solto, se perde. Ele vai, e eu fico. Vive só e eu choro. Eu só sem cheiro. O cheiro no mundo se esvai e se extingue. Eu sem cheiro abro as narinas da prisão, mas ele tão levinho, transpassa meus pelos, meus poros e voa. Não aceno porque dói ter que vê-lo indo no invisível. Mas sinto na fraqueza crescente do cheiro que já não sinto a força de derreter na vida. Fusão. Eu não. Me leva. Quero ser cheiro. Que entra, que sai, que vai, que some. Sumir existir.

Fato: na prateleira havia um frasco de perfume. O antebraço toca a tampa. Balanceia. Esperneia. E quebra. O perfume vai embora. Não existe outra interpretação pro escrito. Perfume, cheiro e ar. Não existem pernas no perfume nem braços no ar. Não existe metáfora nessas letras e todos os is estão pingados.

Um comentário:

.ela disse...

jesus, não fui eu que escrevi isso. não sou mais essa eu