sábado, 12 de fevereiro de 2011



o olhinho dele é tão miúdo que não me deixa ver o que se passa por dentro. eu to de olho grande nesse olho tão pequeno. minha boca é pequena mas eu quero engolir a boca enorme dele. a gente fala em outra lingua, mas eu quero minha lingua na dele. a gente respira outros ares, mas eu quero ele respirando no meu nariz. ele é o que eu vejo em poeira que brilha. e pra piorar, ele não se materializa pra mim e eu insisto em tocar um holograma.

Um comentário:

.ela disse...

eu comento que no momento não quero nem um cílio desse olho pequeno remelento nem um perdigoto dessa boca grande fedorenta. eu comento que nesse momento eu não quero nem um respiro nem um suspiro desse ar de cinzeiro nem um beijo dessa cara cinza. a brasa apagou e nós somos cinzas agora, que eu esfrego no chão e escrevo seu nome com o dedo. mas eu comento o meu lamento cinzento, de uma quarta feira de cinzas...