quarta-feira, 14 de julho de 2010



Sua pele é a casca da tangerina, tem o cheiro do visco de um bicho que não sei qual. Sua mão tem a languidez e o suor dos fracos, que se espalha suplicante. Sua lingua tem o gosto do café passado, carregando o anteontem frio na boca. Sua voz tem o tremor do pingo na água, que não sabe se vai ou se fica. Seu cheiro tem o azedo das frutas que não se deixam cair. Seu tempo é passado a ferro. Eu bem conheço tudo o seu, ou assim penso. Eu sumo no mundo que acredito ser seu. Reviro cascas atrás da sua, cheiro bichos pra achar o seu, rumino o tempo pra te sentir por perto. Todo o seu gosto a amargar na boca, que não me apresso a engolir. O teu veneno me extasia, e a minha ânsia é por inventar outra fonte, que não a sua, que não letal.
Praquele que é o rei do indizível, nada tenho a dizer.

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