quarta-feira, 7 de outubro de 2009


sentou-se como quem não sabe que senta, com olhar desmerecedor do que vê. a lâmpada de luz fria vacilava, accccende appppppppaga acnd apg acende e e e e ap ace aaapgaaaa, gemendo uma imitação frívola do silêncio. respirava forte e expirava quente. a boca entreaberta deixava a mostra o visco da saliva. curvou-se sobre a mesa, cravou os olhos no prato. arqueou o corpo e angulou os braços, como uma ave selvagem. apertou firme as duas mãos contra a espiga besuntada, levou-a a boca lustrando os lábios grossos, rasgando a pele do milho com os dentes. escorria a manteiga por entre os sulcos do milho, descendo pelos dedos. sua lingua percorreu as maos, se perdeu na espiga que fumegava e que escorria. ele usava a lingua e usava os dentes, usava as mãos e os olhos vidrados. todo um corpo para uma espiga. todo um bicho para uma caça. todo um bicho para ser a caça.

Nenhum comentário: