domingo, 9 de novembro de 2008


Um machado cego não serve pra degolar. Mas se joga pesado, crava bruto e abre fendas. Fendas cavernosas, do tipo que gotejam. Minam. Escorre seiva amarga, lustrando os sulcos enquanto balbuciam sentimentos apertados. Encravados. Continuarão a gotejar, brandamente. Como notas de uma canção triste. Caem mornas, e sem hesitar, se deixam escorrer. Esfriando. Mas continuam assim, brandas e densas. Entranham-se pelos veios, para gotejar novamente, mais brandas e mais densas. Dando vida às fendas, que já nascem mortas. Craquelando ao secar.

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