terça-feira, 19 de maio de 2015

A faca entrou confiante naquela pele dura, resistente. E depois do primeiro furo, vem o rasgo deslizante da faca, cavando um sulco profundo na minha cara sorridente.
Escorria seu sumo na mesa, manchando a toalha, minhas mãos e minha mente. Me sentia criminosa agora. O medo do que eu posso ser capaz de fazer tomou conta de mim. Se nem eu sei meus limites, como posso estar segura comigo ? Me sentia louca e ofegante. Com a faca na mão, furando a laranja com aquele prazer sádico, que poderia eu então fazer num lapso de consciência? Talvez eu não fizesse distinção ao substituir a laranja por qualquer outro corpo. Talvez o significado do sumo da fruta se igualasse ao significado do sangue. Talvez eu seja uma psicopata. Talvez pro mundo vegetal eu seja uma alucinada psicótica.
Me perdoem, laranjas.

Nenhum comentário: