terça-feira, 13 de setembro de 2011



deito na cama e vejo o teto, que do teto eu vejo o infinito do ponto preto no teto e do arranhado na parede. o mundo de possibilidades da linha que se desfaz no edredon e da cor da renda misturada na cortina velha. o pensamento se faz assim, de pingo em pingo, de pingadinho em pingadinho. do nada, que é no nada que se tem a força da natureza muito própria de você. no nada é que esvazia o lixo e se chega na vontade. eu quero o meu ócio que me dá vida pros meus olhos e me lambe a testa, eu quero a testa querendo essa lambida. eu quero pensar no que meu pensamento quer, ele é que manda em mim. eu tô de saco cheio desse trabalho de merda que eu tenho e isso aqui virou meu desabafo com todas as letras. que caralho que nao me deixa pensar no que eu quero pensar, meus devaneios são o que mais importam pra mim, vocês não percebem, ô careca ? que porra eu to fazendo usando minha lingua pra lamber a sua testa ? você nunca viu que embaixo desse teclado sempre tem meu papelzinho com uma linha escrita, que seja, de devaneio ? com um rabisco qualquer de expressão ? eu tô gritando por dentro, mas vc me cala com essas notas azuis. e eu vou continuar lambendo a sua testa até quando, e escondendo meu papelzinho embaixo do teclado ? eu quero é ir embora, eu quero é dar o fora com meus devaneios, mas preciso sempre devaneiar, que é a minha natureza muito própria de mim.


ô júlia, ta acordada ?



não, já tô dormindo.



ué, falando ?



eu durmo assim.



...



ô amalinha, você não vai dormir ?



zzz



ô amalinha ?



hm.. .. pq me acordou..



ah, achei que você dormia que nem eu.