sábado, 18 de dezembro de 2010

Você não me engana. Eu que me engano, o que nem é mole nem é duro.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


Pedi pra você me esperar só mais um pouquinho, e você não quis, não quis. Pedi de novo e você riu de mim, você riu inteiro por mim. E eu que pedia pequenos minutos, parecia tão pequena quanto eles. Você cresceu em pouco tempo, meu amigo. Se abrisse a boca me engolia no seu tamanhão, mas não fez isso pra não ter que me ter dentro de você e depois se dar ao trabalho de vomitar. Não é de hoje que eu arranho sua garganta, mas disso eu não sabia. Mal pude imaginar. E num apertão de tempo lá vem você com dois metros de altura e sangue fresco na boca. Você não quis me esperar um pouquinho, e eu não entendi e ainda não entendo, e eu nunca vou querer entender, não entendo. Eu vou e venho na mesma esquina que você não quis me esperar.

domingo, 12 de dezembro de 2010


Passou a ferro quente e vincou, só sai lavando. Que a água lava e leva tudo, menos a sua boca suja. E também menos o meu mau humor e o mau amor, de tantos maus. Que o bem mastiga e engole tudo, que então mastigue e engula tudo. De resto sobra nada, de resto sobre nada. E que depois a água se encarregue e carregue todos os pedacinhos de sujeira da sua boca e os pedacinhos do meu mau humor e os fiapos do meu mau amor e o resto sobre nada, e que tire o vinco. Te tire o vinco no canto do olho chorado, me tire o vinco. Mentire, mentirar, mentirou sobre mim. Atirou. Passou a ferro quente e rasgou, pra rasgo de ferro quente não tem remendo, eu me rendo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


Olha colega, falo contigo poque preciso é falar. Sem nada pra falar, com palavras a dizer. souza medo maca cama olho pêssego azul dor garganta sangue amada dourado rápido anta camisa anel aliás pêra tecla madura ananás isso lápis coisa martelo pregar seta sinto pônei vaso acaso animal ilha figura óculos pé cabeça vela ovo observador rapaz pau bicileta antônio alta aves aveiro aviário avião ancinho coador pega bicho parede parecer remela janela rego tiro roupa pirar tudo ido cair regar trair era fila lais não prenúncio exato somente apenas vermelho selo cega gota tem lata lençol lenda fio capeta tribo balsa banho hoje agora trio rédia rede cavalo garagem cadeira rasteira renascer fenda alpendre cipreste olheira água arar raio ora frio amora caqui terra chão amor preto tenro macio moda marrom mosca casco colher corra raiz unha feroz boneca capilar amadurecer romper nascer render meter ver ler amanhecer caber triagem paragem brecar camaleão raspão saguão anão comichão lendário pário futebol ante origem mergulho profundeza carreta ronco lata canapé mordaça roliça roça preguiça amigo biruta cadáver preciso rosca cenoura goiaba marmelo seringueira vertigem virgem mendigo mente tumor tino tenaz atroz zoeira saci parangolé rapel ouvidoria outdoor lixo eletrônico esvaziando sssslurp

domingo, 5 de dezembro de 2010


Peraí, pessoal. Minha cabeça trepida com o encontrão de tantas vozes. Esse calor me tira do eixo, e essa quentura de vocês me faz suar de longe. Eu preciso me emburacar, mas com vocês eu perco o caminho do buraco. Lá só comigo que é fresco e meu eixo volta, minhas pernas viram pernas e ensaiam passos. Aqui em cima o sol na cabeça me encrava, embaralha minha água e meu óleo, não consigo ouvir o barulho da espuma esfriando. É o debater de asas quebradiças. Gente, meu corpo é entregue a vocês quando nos misturamos. Não é preciso se fazer entender, é preciso se situar. É preciso ter meu sítio, e no meu sítio não cabemos todos. E eu só comigo, já somos muitos juntos. O único barulho que eu precisava ouvir agora é o zumbido da água no ouvido.