domingo, 29 de agosto de 2010

Teu mundo me parece caber numa caixa de fósforos. O que me é chocante, visto que o meu não cabe em lugar algum. Uma vez que não o tenho.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A luz vazou a janela, pintando seus contornos de dourado velho. De dentro, eu diria que era a luz da tarde, num último suspiro do sol, que mostra a luz cansada. Inebriante. A luz saturada do dia todo, a luz do adeus. Foi essa a luz que vazou a janela, mas eram oito horas da manhã. Na verdade a luz era só dourada, o velho brotou de dentro do meu olho. Fui eu que abri olhos velhos pra luz da manhazinha. Fui eu que acordei saturada de mais uma manhazinha de luz dourada e fina. Fui eu que fiquei cega e fechei os olhos. Só abri de novo quando a luz vazou a janela, pintando seus contornos de dourado. De dentro, eu diria que era a luz da manhazinha, fina e .. volto depois.

domingo, 1 de agosto de 2010



Interno e externo se fundindo, conservando suas membranas. Externo fagocitando o interno, conservando a concentração do fagocitado. São os corpos fluidos, que se respeitam de alguma maneira. O corpo fluido. Vários corpos fluidos unidos, formando um único. O limite entre o externo e o interno só existe devido ao fluxo fluido inominado que é capaz de permear tais membranas. Se não houvesse esse fluxo, não haveria conhecimento do externo nem do interno, seria uma só coisa, como um uníssono de várias vozes. É muito sutil... Mais sutil que a película da água. Eu falo de externo e interno, mas é sobre a percepção do externo e do interno. É tipo a utilização de um espaço público por indivíduos altamente privados, se eu tentasse exemplificar. Ou a utilização de um espaço privado por indivíduos altamente públicos. A diferença de conotação de um indivíduo público por seu reconhecimento profissional comparado a um indivíduo público por habitar espaços públicos. O não publicar assuntos que julgamos privados para pessoas que julgamos públicas, e vice versa. O próprio habitar. O próprio olhar carregado de interno, voltado para o externo. O próprio corpo, externo, carregando todo o interno. Todas as relações. As próprias sensações. Eu não sei bem.