sexta-feira, 23 de abril de 2010


Estou com cupim. Eu também não tinha, mas agora tenho sim. O médico diz que é gripe, mas gripe não dói assim.. Ele não engana a mim, eu bem sei que é cupim.

quarta-feira, 21 de abril de 2010



Fazia tempos que eu não acordava no meio da noite, suando de medo. Com medo das sombras, do barulho da persiana batendo na parede, dos espasmos do ventilador. Toda reflexos. Olhos grandes abertos, vermelhos de sono, mas evitavam piscar. Medo do bicho papão, não sei dizer. Esse tipo de medo não se explica. Medo da vida, ou medo do que é vivo, medo de mim. O sobressalto de que qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento, já que esse é um mundo vivo, com poder de escolha. E as possibilidades de escolhas são infinitas. Portanto, a quantidade de acontecimentos possíveis é infinita. Nesses momentos o pensamento coerente cede e eu me ocupo inteira pela emoção do momento da noite. A qualquer segundo, tudo pode acontecer. O teto pode desabar bem na minha cabeça, ou um morcego pode invadir a minha janela, a cama pode quebrar, eu posso desaprender a respirar, uma barata pode surgir no meu braço, a televisão pode queimar, posso ouvir um grito, o prédio pode estar em chamas no primeiro andar. A vida está seguindo, e eu não tenho conhecimento do seu caminho. Nesse momento talvez eu sinta medo disso. De não saber o que vem após o próximo piscar de olhos. O curioso é o fato de não me lembrar de estar sonhando, e apenas acordar assim. Fico por um tempo vigiando os segundos correrem, espreitando as luzes que invadem as paredes. Nada aconteceu. Espero mais um pouco... Nada aconteceu ainda. Resolvo dormir. Talvez o que está por vir venha só pela manhã, depois que o medo passar. E aí, provavelmente, eu vou achar natural. E vou achar natural viver.